Sertanejo é a “música do fascismo brasileiro”, diz Pedro Cardoso
- Estevam Teixeira
- 20 de out. de 2024
- 2 min de leitura

Ator e redator descreveu gênero musical como "vazio" e de "baixíssima inspiração", possivelmente “sem nenhum artista verdadeiro”
O sertanejo atua como um dos gêneros musicais mais populares no Brasil. Tanto é que a retrospectiva do ano passado publicada pelo Spotify destacou que o estilo foi o mais ouvido de 2023 no país pelo streaming. Dos cinco artistas mais escutados, quatro pertenciam à categoria.
Para o ator Pedro Cardoso, apesar do sucesso, o sertanejo vem carregado de uma conotação negativa. Durante entrevista à Rádio Bandeirantes, para o programa “Do Bom e Do Melhor”, apresentado por Danilo Gobatto, o também redator atrelou o gênero ao “fascismo brasileiro” e explicou o ponto de vista.
Conforme transcrição da Rolling Stone Brasil, ele primeiramente disse:
“Não sei se tem algum artista verdadeiro ali. Mas, na minha opinião, é uma matemática completamente monótona e de baixíssima inspiração. Não é à toa que essa é a música do fascismo brasileiro.”
Em relação às letras do ritmo, o artista mostrou incômodo quanto ao conteúdo. Ao seu ver, as canções são “vazias”, abordando apenas a “masculinidade e a fidelidade feminina”, sem aprofundar qualquer outro tema, como pontuou:
“É uma música vazia, de interesse teórico, sobre assunto nenhum. É uma música sobre nada, sobre ser corno ou não ser corno. E agora tem um problema de ‘ser corno e não ser corno’, de ‘minha namorada me largou e eu larguei minha namorada’. O único assunto que eles têm é uma questão da masculinidade e da fidelidade feminina.”
Cardoso ainda destacou que apenas canções antigas são de fato sertanejo, como “No Rancho Fundo”, original de Ary Barroso com Lamartine Babo e regravada por Chitãozinho e Xororó. Também descreveu os artistas atuais como “comerciantes agrícolas brasileiros apegados à cultura estadunidense”.
Outra crítica de Pedro Cardoso ao cenário musical:
No último mês de janeiro, Pedro Cardoso também realizou outra crítica ao cenário musical. Por meio das redes sociais, o ator elogiou a americana Tracy Chapman, a quem admira por não expor a vida pessoal, e desaprovou a superexposição dos artistas.
Em certo trecho da postagem, escreveu:
“Hoje, há mais consumo de biografia espetacularizada de artistas do que de arte. Os jornais noticiam como fatos da cultura os namoros, os negócios, os treinos, os crimes etc e, principalmente, a vida sexual dos ditos “famosos”! Quase nada dizem sobre a arte deles! Mesmo porque, mais das vezes, pouca arte é produzida pelos artistas inventados pela indústria de biografias espetaculares; o que produzem é mesmo mais os escândalos de suas intimidades inventadas […]. A arte não se presta ao comércio tanto quanto bem mais se presta a vida sexual dos artistas. Sexo vende-se mais facilmente que poesia.”
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